05 janeiro 2009

O frio...

A noite caía com um céu pesado, carregado de nuvens que atormentavam e reduziam o poder dos faróis dos carros como se estivessem a apregoar o temporal que lá vinha. Os passos eram apressados e descompassados e de um lado para o outro todos caminhavam desnorteados à procura dos cachecois, gorros e luvas que pudessem apoiar a minimizar a tormenta que lá vinha.

Uma corcunda cansada e velha arrastava-se pela rua com um punhado de madeiros que essa noite iriam fazer as delícias de uma família que se iria reunir à volta da lareira e esperar que os minutos passassem e o cansaço invadisse os seus corpos para poderem ir dormir.

As nuvens avançavam a uma velocidade galopante, não dando tempo para que todos se conseguissem abrigar da intempéria que lá vinha.

De repente tudo parou e o medo instalou-se. Tudo começara a enregelar à volta, e nada mais era confortável, a humidade era gelada e os camisolões pareciam fardos pesados sobre os corpos. Acabara de chegar o frio, aquele frio das noites de Inverno que levam os pequenos a procurar enfiar-se debaixo dos cobertores das camas dos pais, aquele frio que leva as pessoas a quererem estar mais juntas para sentir o calor humano, aquele frio que nos gela a ponta do nariz.

O frio chegou, agora só vale esperar. Esperar que as nuvens se dissipem e que o Sol consiga ir aquecendo cada pedra da calçada, cada recanto escondido das casas e tornar a trazer aquele calor saboroso que nos leva a passear de mãos dadas junto ao mar.

Sem comentários: