24 agosto 2007

O Sol encoberto

O pequeno caracol acordara aquele dia cheio de energia, uma energia que ele dizia capaz de o levar a bater o recorde de velocidade dos duzentos metros barreiras.

Rapidamente vestiu o seu equipamento desportivo, calçou os ténis e saiu porta fora, à procura dos seus amigos para os desafiar para a corrida mais rápida de sempre.

O primeiro que encontrou foi o seu amigo gafanhoto que logo saltou de alegria. De seguida encontrou a centopeia que o olhou de lado e soltou uma gargalhada aceitando este desafio. A barata que por ali passava perguntou se também podia participar na corrida.

De repente todos os animais do jardim sabiam do desafio do pequeno caracol. A sua mão, Dona Caracoleta, espantada gracejou com o Sr. Bicho de Contas: Este meu filho anima toda a gente, quero ver como é que ele vai ganhar.

À hora marcada, todos os bichinhos se encontraram no pátio do jardim para ver os famosos atletas. A Joaninha ia dar o sinal de partida, o Sr. Mocho ia ser o juiz de prova e o Sr. Rato estava a aceitar apostas.

O Sr. Mocho voou por cima dos concorrentes e explicou todas as regras:
- Só podem começar a corrida depois da Joaninha dar o sinal de partida, não vale utilizar ténis com rodinhas, nem fazer os outros concorrentes cair.

A Joaninha perguntou a todos se estavam preparados, e a centopeia pediu desculpa mas faltava-lhe ainda calçar 3 ténis.

Mal a centopeia se calçou, foi dada a partida. O gafanhoto estava em primeiro, o pequeno caracol em segundo e a centopeia em terceiro, o grilo estava tão entretido que se esqueceu de começar a correr.

A corrida estava a meio quando o gafanhoto começou a sentir-se cansado, ele gostava era de saltar e não de correr. A centopeia ia na sua alçada, pouco faltava para passar para primeiro. O grilo lá acordou e num ápice os apanhou. O pequeno caracol começava a perder terreno, mas mesmo assim não desistia.

De repente o Gafanhoto coeçou a pular, logo o Sr. Mocho veio e o desqualificou, agora era o grilo que ia na frente, a centopeia ainda não tinha percebido como tinha sido ultrapassada, o pequeno caracol ia no seu passo.

Junto da pista feita no pátio havia abelhas e vespas, beija flores e escaravelhos, todos numa feita única para ver quem era o seu novo campeão.

O vento corria de feição e o pequeno caracol sentia que tinha ainda força para ganhar e lá corria desenfreado para tanter chegar à frente. Vinha aí o último obstáculo, o fosso de água feito pelo jardineiro naquela manhã enquanto regava o jardim. O grilo aproveitou para parar e beber um pouco a centopeia demorava a passar com medo de molhar os seus pés, o caracol deliciava-se com a frescura da água.

A meta já estava mesmo ali à frente e todos corriam lado a lado, num esforço para conseguirem ganhar uma pequena vantagem que fosse.

Como terminou? Ganharam todos, porque na corrida da vida o melhor é correr com os amigos lado a lado. No final da corrida o Sol apareceu e todos desfrutaram de uma fresca limonada que a Sra. Louva a Deus tinha feito.

11 julho 2007

Um Certo Dia...

Um certo dia uma princesa corria pelo meio do trânsito da cidade poluída. As suas faces estavam coradas e quentes de tanta correria desengonçada para conseguir serpentear pelo meio dos carros, motas e pessoas.

Os sinais vermelhos eram todos verdes para ela, o que lhe importava era conseguir chegar a tempo. Onde? não sei bem, e penso que nem ela sabia, mas corria, corria.

O vestidinho branco e imaculado que a sua mãe lhe dera de mahã tornara-se cinza e manchado devido ao pó e à confusão do espaço corrido e pouco dado a pormenores como aquele por onde ela passava.

As suas mãos estavam fechadas, como se parececem algemadas por fios invisíveis a olho nú. Mas porque será que ela corre de mãos fechadas?

De quando em vez esboçava um olhar de ansiedade, será por não saber para onde ia? ou será por ainda não ter conseguido chegar?

Ela tinha sede e não podia parar para beber, porque tinha de continuar a correr, a correr como se não houvesse amanhã.

Ela continuava... mas, parou! A sua cabeça cabisbaixa começou a erguer-se e podemos ver um sorriso que se alargou para uma alergia contagiante. Levantou as mãos e delas saíu uma linda borboleta com asas douradas. Aquela borboleta que naquela manhã a tinha acordado quando pousou no seu nariz.

06 abril 2007

Ocupada para limpezas

Todos os dias uma correria, muitos documentos, muitas leituras, muitos trabalhos, muito estudo e os amigos a exigirem um pouco de atenção. Os dias voam e o tempo escasseia para tudo, "Ai porque é que o dia não tem 48 horas?", pergunta ela num momento de desespero onde imperam as pilhas de livros para estudar.

O sonho é chegar ao último dia da semana, pois é neste dia que irá dispensar tempo aos amigos e a a todos aqueles que têm ligado, mas parece que esse dia é somente uma miragem e que nunca o irá alcançar.

Quando as coisas parecem que estão a acalmar, o telefone toca e a ansiedade dispara. Será que aí vem boa notícia? Será uma nota que saíu e que não foi a que estava à espera? Será um novo trabalho para fazer que não estava à espera? Mas não é só a amiga a dizer que iria chegar um pouco mais tarde do combinado. "Mas nada nesta vida pode ser a horas?", num suspiro longo e cansado, onde tudo parece ester do contra.

Chegou o final do dia e uma mensagem chega: Amanhã vais ter uma surpresa.

Que surpresa é esta? Quem enviou não vai estar com ela, pois tem coisas para fazer tão longe que lhe é impossível desdobrar em dois. A curiosidade aumenta, e a sua vontade de ligar é cada vez maior. Mas quando pega no telefone para poder descobrir que surpresa é esta, as limpezas chamam-na...

21 fevereiro 2007

O Relógio

Tic tac, tic, tac, tic tac, o ponteiro bem sincronizado continua a sua caminhada pelos pontos que marcam os segundos naquele enorme mostrador no alto da torre por onde todos passam dia após dia. Uns correm por já irem atrasados para o trabalho, outros desesperam porque já passou tanto tempo da hora combinada e a pessoa que tanto esperam ainda não deu sinais da aparecer, outros resignam-se e sentam-se à espera que chegue a hora da sua partida.

Tic tac, tic tac, tic tac, este som repetido e compassado não deixa de entoar nos ouvidos daquele pequeno petiz, que de mão dada com a sua mãe chorava por uma simples guloseima.
- Não vês que está quase na hora de comeres? - apontando para o enorme relógio - Se te der o chocolate depois não vais querem comer mais nada.
- Mas mã... quero o chocolate...
- Vá despacha-te, deixa-me pegar-te ao colo, já estão todos lá fora à nossa espera.
E atravessam a praça num alvoroço do choro

Tic tac, tic tac, tic tac, a correria não diminui ao longo de todo o dia, mas com o andar dos ponteiros o Sol já rasgou o céu e prepara-se para descansar e o murmurinho também começa a diminuir. A velocidade dos que passam começa a reduzir vendo o ponteiro os corpos arrastaram-se no longo caminho para casa. Mas este tic tac não pára, nem pode parar, porque amanhã tudo vai voltar a acontecer. Até lá o tic tac, tic tac, tic tac mantém o seu compasso para mostrar a todos como o tempo não espera.

20 fevereiro 2007

Uma caminhada pelo amor

Tenho procurado o significado do amor. Uma busca que tem sido fascinante, onde pude descobrir o que amor acarreta para quem ama.

O amor é simples e pernicioso, pois oferece tudo, sem procurar obter de volta, mas torna-se mais intenso quando é respondido.

Continuei a buscar e encontrei um pássaro, que no seu chilrear criava canções de amor, amor ao seu Criador e a tudo quanto Ele lhe provia, e no seu saltitar mostrava o contentamento por poder ser amado por outro chilrear que se encontrava numa árvore não muito longe dali.

Mas a minha busca não parou ali, segui numa estrada que terminava à porta de um castelo. Era uma porta enorme e intransponível que parecem problemas que nos levam a esmorecer os sentimentos por alguém. Os dragões de muitas cabeças fumegam e quase que nos atingem com as suas labaredas. "São os espinhos da rosa do amor" diz-me um entendido, mas não queria acreditar e segui o meu caminho.

O caminho parece longo e estreito, com muitas montanhas, mas em cada recanto se encontra um local ode se pode descansar eapreciar um pouco mais do que é o amor.

O amor tem muitos significados, o amor tem muitas formas, o amor usa todos os sentidos, o amor conforta e aquece cada um dos seus peregrinos. E aqui percebi o que era, um pequeno peregrino no caminho do amor, até que descobri uma cadeira. Era uma cadeira muita diferente de todas as outras onde já tinha descansado, nesta cadeira ao sentar-me fechei os meus olhos e descansei.

Adormeci e fui levado a um sonho onde aparece uma figura esbelta, com uma silhueta que não me era estranha, uma figura que me acarinha e me diz palavras que me elevam a um patamar de algo que pensava não existir, foi aí que te conheci e percebi finalmente o que era o amor.