Novas folhas com novas histórias
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http://www.fernandobatista.com/category/historias-de-embalar/
Uma colecção de pequenas histórias para ajudar alguém a adormecer
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Escrito por Fernando Batista
Tudo à volta era escuro e húmido, e parecia tão apertado que era impossível mover-se. Como queria sair dali e ver a luz do Sol, respirar e sentir-se livre, mas parecia tão difícil, era mesmo impossível. Como conseguir libertar-se daquele espaço tão escuro?
A sua vontade de se libertar levou-o a começar tentar mexer-se e afastar tudo aquilo que o sufocavam. E começou a mexer-se para um lado e para o outro e viu que começava a estar a dar resultado todo o seu esforço ganhando espaço à sua volta.
Mas para onde tinha de ir? O espaço que tinha ganho era o certo para conseguir chegar onde queria? Não sabia, mas tinha de tentar e lutar para lá chegar. A vontade e a sua teimosia faziam crescer dentro de si a sensação de que estava no caminho certo.
O sonho de se libertar daquele espaço aumentava de dia para dia, mas parecia que era cada vez mais difícil de chegar ao seu objectivo. Com o tempo o cansaço e o desespero começou a tomar conta de si, parecia que todo aquele esforço não estava a levar a lugar nenhum. Sentia-se diferente e cada vez mais envolvido por aquela escuridão e pressão de um espaço tão pequeno.
A secura extrema e a humidade sufocante entrava pelo seu corpo e era desconfortável e não deixava respirar.
Os dias passaram, e as semanas seguiram até que um dia o frio tocou na sua pele.
- Brrrr... Este vento está a deixar-me com frio!
HUM? O que está a acontecer? O vento? Frio? Mas o que são estas coisas? Nunca tinha sentido isto antes! Afinal como é que isto aconteceu?
De repente começou a respirar um ar diferente, já não estava tão apertado, algo tinha despontado.
Aquele pequeno pé de feijão tinha acabado de conquistar o seu sonho!
Escrito por Fernando Batista
A noite caía com um céu pesado, carregado de nuvens que atormentavam e reduziam o poder dos faróis dos carros como se estivessem a apregoar o temporal que lá vinha. Os passos eram apressados e descompassados e de um lado para o outro todos caminhavam desnorteados à procura dos cachecois, gorros e luvas que pudessem apoiar a minimizar a tormenta que lá vinha.
Uma corcunda cansada e velha arrastava-se pela rua com um punhado de madeiros que essa noite iriam fazer as delícias de uma família que se iria reunir à volta da lareira e esperar que os minutos passassem e o cansaço invadisse os seus corpos para poderem ir dormir.
As nuvens avançavam a uma velocidade galopante, não dando tempo para que todos se conseguissem abrigar da intempéria que lá vinha.
De repente tudo parou e o medo instalou-se. Tudo começara a enregelar à volta, e nada mais era confortável, a humidade era gelada e os camisolões pareciam fardos pesados sobre os corpos. Acabara de chegar o frio, aquele frio das noites de Inverno que levam os pequenos a procurar enfiar-se debaixo dos cobertores das camas dos pais, aquele frio que leva as pessoas a quererem estar mais juntas para sentir o calor humano, aquele frio que nos gela a ponta do nariz.
O frio chegou, agora só vale esperar. Esperar que as nuvens se dissipem e que o Sol consiga ir aquecendo cada pedra da calçada, cada recanto escondido das casas e tornar a trazer aquele calor saboroso que nos leva a passear de mãos dadas junto ao mar.
Escrito por Fernando Batista